16.6.08

Anotações - "Fim dos Tempos"...


“Fim dos Tempos” não é diferente da grande maioria dos trabalhos de Shyamalan: o romantismo surge como a única forma de resistência diante de um mundo em processo de desintegração, purgando o desgaste das relações pessoais e as inúmeras inseguranças que marcam seus personagens. Neste sentido, talvez seja o filme mais esquemático do diretor, que parece se despir dos diversos subtextos observados em “Corpo Fechado”, “A Vila”, “A Dama da Água” ou mesmo “Sinais”, filme que guarda as semelhanças mais diretas com este mais recente. Alcança-se, assim, uma enorme pureza no relato, diluindo-se todos os elementos para que reste só o essencial. Infelizmente, este processo – e sua incômoda frontalidade que muitas vezes acena ao ridículo – é por vezes hesitante, especialmente quando, ao final do filme, se tenta atabalhoadamente dotar de alguma substância o “happening” do título. Afinal, como dito pelo protagonista em uma das primeiras cenas, há fatos que se esquivam de qualquer teorização. O filme, que parecia se desenvolver a partir deste princípio, titubeia rumo ao fim, mas ainda assim é de uma dignidade rara no cinema contemporâneo.

Obs.: Impressiona como Shyamalan consegue subverter os meios modernos de comunicação transformando-os em ferramentas essenciais para a construção do suspense e horror. Na mesma medida, a utilização do som no filme é bastante incisiva em sua secura, especialmente na cena do canteiro de obras em Nova Iorque.

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