. Impressionante notar uma certa condescendência com diluições e deturpações da obra do George Romero - "Extermínio", "Extermínio 2" e, por mais que esboce algum tipo de saída menos imediata, "Madrugada dos Mortos" -, especialmente quando ela parte do nicho pretensamente mais aficcionado pela obra do diretor. Assistir a estes três filmes só ajuda a esclarecer o quanto as consequências estético-políticas-morais de "Dia dos Mortos", "The Crazies" e "Dawn of the Dead" - respectivamente os trabalhos a que mais devem -, pra não falar de toda a obra de Romero, são incrivelmente subestimadas e, por fim, reduzidas através de um processo de fetichização que devora a si mesmo e que se inicia e ecoa justamente entre os fãs mais ardorosos.
. Eu juro que tentei assistir a "A Pedra do Reino", mas não passei de meio episódio, portanto não sou a pessoa mais aconselhável a se questionar sobre a série. No entanto, fica a impressão da já usual esvaziação da cultura sertaneja - mais precisamente paraibana, neste caso - em prol de uma estilização que a faça perder o caráter materialista tão próprio dela, substituído aqui por um onirismo de boutique, que se diferencia um pouco do exotismo cômico usual mas é um processo tão limitado quanto. No mais, também lembrei de um comentário de um amigo meu que sequer gosta tanto assim de cinema: por que diabos a câmera parece estar amarrada a um touro mecânico?
. Como já deixei claro no reinício de trabalho deste blog, vou tentar manter algo próximo de uma linha editorial com a repetição sistemática de alguns tipos de posts - traduções, filmografias, textos escritos em conjunto - entre as mongolices habituais. O texto de Vinicius de Moraes postado abaixo corresponde ao primeiro de vários textos da crítica brasileira que pretendo transcrever aqui no blog. As escolhas de tais textos serão pautadas, às vezes, mais na curiosidade que acredito que certos críticos despertam na cinefilia brasileira, mesmo que às vezes seja mais por fatores externos a própria influência e relevância de seu trabalho - sendo este o caso do próprio Vinicius de Moraes. Quanto às traduções, como exigem um esforço incomparavelmente maior, só são dedicadas a textos pelos quais eu preze imensamente. Assim acho que supro a ausência do rodapé informativo que deveria ter acompanhado o texto de Vinicius.
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